segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Entrevista: editora da Granta Noruega



Autor: Ted Hodgkinson

O último 31 de janeiro foi marcado pelo lançamento da Granta Noruega, publicada pela Gyldendal. O primeiro número, cujo tema é Tragédias, traz não só os escritores noruegueses como também os colaboradores da última edição em inglês – que inclui nomes como Alice Munro, Roberto Bolaño e Jennifer Egan. Em meio ao número crescente de versões internacionais, a editora norueguesa de novidades da Granta, Trude Rønnestad, falou ao editor online Ted Hodgkinson sobre a satisfação de selecionar o tema e como ela conheceu a revista.

TH: Dar espaço às variadas vozes e estilos da literatura norueguesa esteve entre as suas preocupações enquanto selecionava os escritores para compor esse primeiro número da Granta?

TR: Sim, até certo ponto tentei fazer um número que gira bastante em torno da imagem da literatura norueguesa. Aqui, é considerável a variedade em termos de gerações e níveis de experiência – mas também de pontos de vista, formas, estilos e gêneros. Na Noruega, existem muitos bons escritores de não-ficção também – e que, na minha opinião, não poderiam ser esquecidos. Com certeza, esses escritores que falam da Noruega contemporânea não estão representados neste primeiro número da Granta. Tive que selecionar trabalhos com uma linguagem mais abrangente – onde a narrativa é o principal: e curta, como são os textos da Granta.

É mais fácil distinguir os escritores dessa edição pelos conceitos em comum que são compartilhados ou por suas diferenças?

Suspeito que eu não seja a melhor pessoa para responder essa pergunta, o leitor estrangeiro provavelmente irá reconhecer muito bem esses traços que as histórias norueguesas têm em comum; embora, para mim, elas sejam completamente distintas. O humor é diferente, assim como as experiências e os projetos literários. Entretanto, eu tenho certeza de que alguém pode perceber, ou esboçar, alguma coisa particular da identidade norueguesa em diversos textos, ainda que os temas trabalhados sejam universais. Além do mais, as características físicas dos personagens são particularmente norueguesas, sejam eles das grandes cidades, do litoral ou do interior.

O tema "Tragédia" parece se encaixar muito bem com a atual situação mundial; como você chegou a esse tema e houve alguma surpresa na abordagem feita por algum dos escritores?

Nós levantamos diversas ideias para o tema, mas a que realmente nos contagiou foi "Tragédia". Não só porque estamos vivendo a era das Falências (ou pelo menos a que deveria ser), seja ela política, ecológica ou financeira – mas também porque a experiência do 22 de julho de 2011 está bastante presente em nossas mentes. Aquilo é um tipo de acontecimento que abalou não só a Noruega, mas outras partes do mundo. Isso por si só é um tema literário que pode ser abordado de vários ângulos, desde o material de caráter intensamente particular até o claramente político. Vários colaboradores noruegueses escreveram muito sobre o aspecto pessoal dos colapsos – o choque da morte, a ruína desesperadora das famílias. Talvez esses reflexos tenham sido – até aqui – encobertos pelas mais prosaicas formas de falência, tais como as crises financeiras dos últimos anos.

Dos diversos nomes que poderiam ser familiares aos leitores de língua inglesa, mas que não são por falta de traduções, você gostaria de citar algum?

Considero difícil, devo dizer, destacar um único nesta edição. É uma lista grande e reúne diversas vozes literárias importantes. Tenho que ressaltar que fizemos questão de traduzir todos os textos do Norueguês para o Inglês. Acreditamos que o mérito de qualidade dos textos está aí – quando o escritor é digno de ser lido em outra língua.

Você poderia nos contar qual seria o próximo tema?

Trabalho. É um tema que já foi utilizado na edição inglesa, mas nós o consideramos muito bom – além de muito importante – para abordar. Seria uma pequena ênfase do trabalho na literatura atual.

Você se lembra qual foi a primeira vez que leu a Granta?

Lembro como se fosse hoje. Foi um número de 1983, Bill Buford’s A Literature for Politics. Eu tinha apenas sete anos, portanto não poderia ler aquela publicação! Mas anos depois eu encontraria a revista em um sebo – e isso se tornaria uma lembrança inesquecível.

Fonte: Granta.com

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